Thursday 9 April 2009

London Eye


O Olho de Londres

No começo de 2003, minha gerente falou que ela estaria mudando de emprego e perguntou se eu queria ir junto com ela. Decidi topar o convite e fui trabalhar para uma agência de empregos de hospitalidade chamada “Admiral Group”. Eles oferecem empregos temporários em diversas áreas desde de lavador de pratos, garcons até os melhores chefs de cozinha. Era conveniente, pois trabalhava no horários antes ou depois de ir a escola ou mesmo quando queria e quando podia também. os trabalhos por agências geralmente são muitos flexiveis. Se não pode no dia que eles têm o trabalho para você, eles chamam outra pessoa. Mas isso pode se virar contra você. Se recusar sempre, eles acabam colocando você em segundo plano, e chamam os que são mais dedicados para os melhores trabalhos e também para os trabalhos mais bem pagos. No meu caso, eles já sabiam que eu estudava a tarde, por isso, ou me chamavam para trabalhar de manhã ou de noite. Mas era a noite, que os melhores trabalhos aconteciam. Meu primeiro “booking”(trabalho) foi no “Royal Society of Medicine”(Associacão de Medicina Inglesa). O trabalho era servir café e chá para os convidados. 4 horas de trabalho. E assim foi eu de novo servir trilhões de cafezinhos e chazinhos para milhões de pessoas em milhares conferências de associacões de tudo quanto é tipo e a cada trabalho que a agência me mandava. Até que um dia eu fui selecionado para trabalhar na “London Eye”(O olho de Londres) uma das maiores rodas gigantes do mundo que fica ao lado, aliás, suspenso ao rio Tâmisa e de frente ao Big Ben. Eu achava que ia servir cafezinho de novo. O gerente da ocasião foi curto e grosso: Cada garcon vai subir em cada cápsula da roda gigante com os seus respectivos convidados. Cada garcon terá que preparar sua caixa com bebidas(champagne, suco de laranja e água) e bandejas de canapés. Lá fomos nós os pinguins de avental. Eu que nunca tinha andado na roda gigante, nem sabia como funcionava. Deu um pouco de pânico, na verdade. Lembram que eu sou "desastrado"? Eu quebro tudo que tiver pela frente. Até imaginei o desastre da cena "Eu, tonto por causa da altitude e querendo ver também por curiosidade, derrubando a bandeja de canapés no chão, derramando e esparramando champagne nos clientes". E lá no fundo da minha imaginação, a voz do gerente explicando: A volta da roda gigante são de 30 minutos. ¼ da volta será pra servir as bebidas, quando tiver no topo, servir canapés e manter os copos cheios de champagne. Quando tiver 10 minutos para terminar a volta, colher todos os copos e garrafas, todo o lixo e colocar tudo dentro da caixa. Esteja preparado quando for a hora de saltar fora da cápsula( Isso mesmo, saltar para fora da cápsula). A roda gigante não para de se mover. quando ele falou isso, meu cérebro imediatamente reagiu e replicou: é hoje que vou nadar no rio Tâmisa!
Chegada a hora de conhecer os clientes que eu iria servir. Fomos para a fila de embarque. A caixa pesada por causa dos champagnes e da garrafa d'água e um frio de arder a pele, fez com que eu parasse de imaginar besteiras.
Por ordem e ironia, eu seria o primeiro a entrar na cápsula, quando o funcionário falou com pressa quase gritando 'você primeiro, entra agora'. Eu dei um pequeno salto. Quase cai com caixa e tudo. Não precisava dar o salto. Ele gritou: Não faça mais isso! Coloquei a bendita caixa no chão e comecei o trabalho. Entram 5 pessoas. 2 mulheres, 1 homem e 1 criança. Peguei a bandeja e coloquei no banco. Posicionei alguns copos de champagne na bandeja, juntamente com um copo de água e de suco de laranja. Nervoso, fui tentar abrir o champagne e aconteceu o que não era para acontecer, a garrafa de champagne ...

Saturday 14 February 2009

Sarcasmo

I am one of these people who likes to have a laugh, gossip, crack a joke, take the piss, etc etc.
Maybe the right word is "sarcastic".
So, i have decided to create a new blog. have a look!
...
http://seuleitor.blogspot.com/

I quote: I have not given up this one though.

Pedro

Tuesday 10 February 2009

Licença da TV



Era como se estivesse numa guerra de xícaras, pratos, pires, gritaria de chefes de cozinha e garçons e o pior mesmo era acordar 5.30 da manhã para chegar no trabalho as 7 horas. Sair de casa e meter a cara no frio era como se o vento cortasse o rosto e dilascerar-se toda a pele adiposa. E quando trabalho começava era um horror. Imaginem ter apenas 10min de folga e trabalhar até 11 da manhã sem parar de correr? Eu não aguentei nem 1 mês de trabalho. Pedi penico de plástico e a demissão foi aceita. Sai do hotel aliviado. Parti pra outra coisa. E novamente voltei trabalhar para uma agência de eventos. Mas essa era diferente. O lugares que eles mandavam eram fenomenais. Afinal, a única coisa que sabia fazer era garcon. Todo o meu conhecimento anterior do que tinha estudado na minha terra natal foi jogado dentro de um espécie de tambô de lixo virtual. A minha imensa sabedoria adquirida por longos anos de estudo e dedicação estava sendo desprezada e jogada dentro do lixo temporário, mas como tudo na vida tem um preço, eu resolve parar de me lamentar e bola pra frente. A agência de eventos era diferente. Os lugares que eles mandavam trabalhar eram fenomenais. Mas agora chega de falar de trabalho, né? No entanto, quero escrever e introduzir a esse blog, fatos, curiosidades e cotidiano que a grã-Bretanha ou mesmo Londres tem que diferencia dos demais países e cidades. Por exemplo, O canal britânico de TV, BBC não transmite comerciais e quem patrocina a programação é o telespectador. Por isso, em toda casa onde há um aparelho de TV, é obrigatório o pagamento de uma taxa anual de £126.50 (TV colorida) ou £42 (preto e branco). Como assim? Ainda existe tv preto e branco? Existe sim, podes crer! Uma patrulha de inspectores e detectores eletrônicos em carros equipados passam semanalmente nas ruas procurando infratores. Eles batem porta, fazem perguntas e se não tiver em dias, pagará um multa que chega até £1.000 . Eu mesmo fui vítima sem saber. Eu estava em casa quando ouvi batendo a porta. Era o inspetor. Eu não tive como comprovar na hora, pois a pessoa responsável não estava em casa. Mas como a maior parte dos orgãos britânicos, eles dão um prazo de 1 ou 2 semanas para tudo ser comprovado e regularizado. Sorte nossa, tudo estava sendo regularizado. E para rir tem essa estorinha engraçada que tem que ser levada a sério: Uma dona-de-casa que comprou a licença para TV branco e preto foi autuada usando TV colorida. Ela explicou ao inspetor que a TV era preto e branco, mas que se alguém esbarrasse nela, a TV passava a funcionar em cores. O inspetor pediu que ela ligasse a TV e a dona-de-casa foi logo dando um tapa na lateral do aparelho. Assim que surgiu a imagem em cores ela comentou: "Está vendo? Foi só esbarrar que vieram as cores, essa TV anda muito estranha". Foi processada por não ter a licença apropriada para o aparelho. Enfim, se quiser ter uma tv na grã-bretanha, além de pagar pela tv, vai ter que pagar pela energia gasta e pela licença anual em tê-la. Se você assiste muitas novelas e filmes me responda, qual país você escolhe para morar? o Brasil ou a Inglaterra?
E se um dia você realmente tiver coragem de vir passear ou morar na Inglaterra, o que você deverá saber de antimão ? Falarei sobre isso no próximo "post".
LET IT GO!
CHEERS!

Monday 2 February 2009

Branco Especial

Quebrei o ritmo do blog por algo expecial

Hoje nevou muito!


Aproveite e click nas fotos para ver com detalhes!
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Saturday 17 January 2009

Festa no Jardim da Rainha

















GARDEN PARTY

AT BUCKINGHAM PALACE

Eu não acreditei que tivesse tanto ou melhor, tantas barreiras para entrar no Palácio. Os garçons, todos enfileirados para entrar. Quando chegou minha vez, eu tive que abrir minha mochila e deixar para trás a câmera fotográfica. Era terminantemente proibido garçons fotografarem a festa. Quando acabado a festa, poderiámos ter as cameras de volta. Pela mochila, foi passado o detector de metais, assim como eu, também fui revistado da cabeca aos pés. E eu pensei: os únicos metais que tenho em meu corpo devem ser as minhas obturacões nos dentes. Nada mais pensei. Quando cheguei no vestuário, logo vi meus colegas de trabalho. E quando as garçonetes sairam do vestuário, dei uma longa gaitada: Elas estavam vestidas de empregada doméstica de madame francesa. Vestido preto com uma bata branca na cintura e uma gorro branco na cabeça. Até então, eu somente tinha visto os vestuários e as tendas do evento. Quando estavámos prontos, fomos para o Jardim do palácio e a fantasia comecou a aflorar quando eu vi aquele imenso jardim com um lago no centro. Quão belo aquele jardim é. Quão tanta sorte poucas pessoas tem para ter tudo aquilo. Quer saber o segredo? O segredo é bem simples: Nascer no meio da realeza. Apenas 1 rainha, alguns principes e princesas e pronto, um pequena familia para colossais riquezas. Em cada canto do jardim tinha 4 bandas de música tocando clássicos dos clássicos. O sol brilhando e logo lembrei da minha caatinga, do meu sertão, do meu Piauí, do meu Brasil brasileiro. E claro, de resto, não houve nenhuma outra comparação além do sol quente e brilhante. Afinal, como se diz o ditado popular: O SOL NASCE PARA TODOS. Mas o sol paga contas? Em alguns casos, acho que paga sim. A riqueza da realeza doi no osso e machuca o ego de qualquer plebeu. A primeira impressão é realmente de estar num sonho na ilha da fantasia, mas logo se voltou à realidade quando começamos a ter de trabalhar. Limpar inúmeras mesas, cadeiras e bandejas. Polir talheres, copos, xícaras e pires. Fazer galões e galões de chá e café. E organizar toneladas de bolos e doces nas mesas . Quanta comida e bebida que metade iria para o tambor de lixo. Eu só me lembrei de quem tem fome na nossa galáxia afro-sulamericana que a gente vive. Mas enfim, era uma pequena festa da realeza e 8.000 súditos foram especialmente convidados para passar a tarde com ela e os príncipes no jardim. O gerente deu as coordenadas para todos os garçons. Meu trabalho era coletar as xícaras e pratos sujos perto do lago. Uma das coisas que nunca esquecerei na minha vida era o peso da bandeja de prata. Na tabela dos metais, parecia chumbo de tanto peso. Tivemos que segurá-las por 20 minutos até os plebeus chegarem. Quando o portão abriu para os convidados, parecia que tinham aberto os portões do show da Madonna. Um multidão veio em direção aos pontos de comidas e bebidas. Cavaleiros de paletó e madames com chápeus de todas as cores e formas. Cada um mais inusitado que o outro. Os garçons que serviam os cafés e chás trabalhavam como máquinas servindo-os, e logo, as xícaras, pires e pratos sujos começaram a surgir como bolhas de sapampo no corpo. De 10 horas da manhã até as 7 da noite, a única coisa que vi foi xícaras. Do sonho de estar dentro do palácio pertinho da rainha virou um pesadelo de um balde cheio de pratos e xícaras sujas. Ocasionamente eu via de longe a rainha e o principe perambulando pelo jardim e apertando, de luvas, as mãos dos súditos. “ That was it. The dream was over! ” Foram 3 dias de trabalho pesado. No terceiro dia, eu cheguei atrasadíssimo. Um dos meus amigos foi colocado de novo para coletar xícaras e pratos perto do lago. Ele retrucou e foi embora com raiva e cansado de tanto peso, tanto da bandeja como dos pratos e xícaras. A rainha veio cumprimentar os garçons. Deu aperto de mão(de luvas) aos gerentes. E acenou com a mão para o restante e voltou ao palácio. Por meu atraso, eu recebi um prêmio: Eu iria coletar xícaras e pratos de ouro e talheres de ouro sujos no tapete vermelho da tenda de ouro da rainha. Ai sim, não me importei com o cansaço, afinal era o ultimo dia de trabalho. Eu realmente cheguei a ver a rainha de perto. Tête-a-tête .Ela é uma rainha baixinha. E pensei: Eu não quero ver mais a rainha vestido de garcon. Da próxima vez eu serei "o convidado" da festa. Eu fui embora com o meus amigos com a sensação de alívio. Até hoje espero pelo o convite. Quando saimos do palácio, fomos comemorar num pub, o fim da tortura. Passado algumas semanas eu resolvi procurar um trabalho em hotel. Eu pensei: Num hotel o funcionário pode subir de cargo. Ter um futuro na empresa. Com a indicação de uma amiga, arranjei um trabalho de garçon no “Thistle Hotel” para fazer “café da manhã”. De alguns dias de trabalho, eu me dei conta de que o trabalho no palácio da rainha era café-pequeno diante do monte de trabalho que tinha que fazer no hotel. Era como se estivesse numa guerra de xícaras, pratos, pires, gritaria de chefes de cozinha e garçons e o pior era…

P.S.: Gostaria de agradecer os blogueiros pela força e pelo incentivo. Vocês me fazem continuar.

Jorge

meu amigo, obrigado pelo apoio sempre.

Kel
Thanks for your support

Yue Moiselly hey, thanks por tudo. cuida bem de micaelly. ok? kisses

Elenilson Nascimento
Muito sucesso no seu blog também

Luis Fabiano

obrigado pelos comentários.

Olivaldo

Obrigado. sempre obrigado.

Adriano Queiroz
2009 será brilhante para vc, meu amigo. Pode contar comigo sempre! O seu blog é 1000.

Flávia
Claudia, Se você quiser, vc vai conseguir. é somente querer!

Cláudia
Desculpa! foi 1 mês de férias. Eu prometo que manterei o blog em dias. bjs

e os leitores de todas as partes do mundo que estão sempre visitando este blog.

Os leitores do Piauí, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Rio Grade do Sul e Norte, Minas Gerais.

do resto do mundo:

-Kremsmünster, Oberosterreich
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Regards to all!

Wednesday 17 December 2008

A cidade de Eastbourne

Eastbourne City

2002 foi um ano que passou praticamente desapercebido. Talvez pelo fato de eu estar muito focado nos objetivos. Estudar e trabalhar eram as prioridades. Na época eu pensava diferente, mas hoje, olhando para trás, foi um preço muito caro jogar tudo para o alto: A VIDA BEM NADA MOLE PIAUIENSE BRASILEIRA. E eu que o diga: “água mole, pedra dura tanto bate até que molha toda a pedra”. Simple as that! Conhecer outros lugares fora de Londres estava meio fora de cogitação. Até porque eu trabalhava sempre nos fins de semana. Mas teve um convite que eu não pude recusar. Dois amigos romenos que moravam no mesmo prédio me convidaram para conhecer o litoral sul de carro. Um deles tinha comprador um carro recente e queria explorar as “motoways” (as BRs da vida). Detalhe: A direção dos carros ingleses são do lado direito. O romeno não tinha experiência nenhuma e eu não sabia disso. Só me falaram quando já estávamos no meio da estrada. Imitando o amigo paulista: Karalhooooo!!!! Enfim, fazer o que né? Relaxar e goztar! Graças a Cristo, tudo correu bem. Chegamos na cidade de Eastbourne ao sul da Inglaterra, depois de quase 2 horas de viagem. A primeira coisa que eu observei foi “aposentados”. Logo descobri de fato que a cidade foi naturalmente povoada por pessoas idosamente geriátricas. A cidade é tranquila e aconchegante. Limpa e acima de tudo, perto do mar. O sonho para pensionistas. Mas se você acha que vai ver altas gatas popozudas de fio dental sentadas em bugres subindo e descendo dunas, passeando prá lá e prá cá como se estivessem em uma praia qualquer do nordeste ou mesmo em Ipanema, está muito enganado. Apesar de fazer sol forte no verão, ninguém usa biquini. Em vez de areia, a praia é feita de pedras-sabão. Se você caminha em cima das pedras com os pés descalços, a única coisa que vai ganhar com isso, são bolhas nas patas. A água, por exemplo,se quiser mergulhar, virará um picolé da Kibon sabor groselha. Tem gente que tem coragem! E ainda gritam alto: It’s refreshinggggg!! (Isso está refrescante!!). Eles que não conhecem o bom da vida. Nas praias do meu querido Piauí até de noite, você pode banhar e nadar nas águas mornas da nossa amada costa atlântica de 66 quilomêtros. Oohh! saudades do meu Piauí. Do sol, do mar, do céu azul! Nostágia pura agora! Enfim, eu não deixarei de mencionar quando que, em julho de 2002, eu e uma turma de amigos fomos trabalhar no Palácio de Buckingham. E ao santo gerente da nossa empresa , que reafirmou que mandaria os melhores garçons("waiters") que tinha. Eu estava na lista. Com a confirmação devidamente checada, eu senti com se eu tivesse concluído meu "Bacharelado em Garçon". Seriam 3 dias de festa no jardim principal do palácio. Quando eu cheguei na porta de entrada dos empregados, tinha um batalhão de policiais. Trabalhavam com se estivessem checando babagens no aeroporto. Eu não acreditei que tivesse tanto...

Tuesday 9 December 2008

11 de setembro de 2001


September 11


Aconteceu uma catastrófe. Eu não sabia o que fazer. Os pratos foram deslizando lentamente dos meus dedos. Eu estava no meio do salão. Para não deixar os dois pratos se espatifarem no chão de vez e acontecer o pior, eu juntei os pratos numa pilha só, amassando a carne, o puré e os legumes que estava no prato de baixo. Eu só ouvi um sussurrado grito em português nítido do gerente paulista: Caralho! Não acaba com minha festa. Caralho! Volta direto prá cozinha. Caralho isso! Caralho aquilo!E eu me perguntando: caralho! O que é que eu estou fazendo aqui? Quando cheguei na cozinha, um garçon que estava atrás de mim e viu tudo, ajudou-me e entregou os pratos para o chefe de cozinha falando que tinha acontecido um acidente com um dos convidados livrando minha cabeça da amolada faca dele. Eu me sentei. Continuava tremendo. Tomei uma água, e me afastei da fila. Eu não ia continuar. A palavra “caralho” ficou martelando no meu pertubado cérebro. Um outro garcon, que hoje, é um grande amigo, disse: Pedro, não se preocupe. O gerente paulista não está furioso com você. É o trabalho dele que está em jogo. O jantar continuou sendo servido, não por mim, claro. Logo que terminaram de servir o prato principal, o gerente paulista se aproximou e falou quase rindo: você continuará! Volte prá sua mesa e continue servindo vinhos e quando os convidados terminarem de comer, limpar os pratos da mesa, mas dessa vez, sem deixar cair. E riu copiosamente. E complementou rindo: E depois, servir a “sobremesa” sem deixar cair, caralho! Nesse dia, eu nunca ouvi tanto caralho na minha vida. Depois do desastre, eu comecei apreciar a festa e ficar orgulhoso por ter continuado o serviço. Eu me sentia como se tivesse passado no vestibular no curso: “Bacharelado em Garçon” com a opção:” Inglês”. Daí por diante, eu passei a fazer regularmente o trabalho de garçon como se tivesse indo para universidade. Aprender coisas novas, nunca é fácil, mas também não é impossível. Eu tentei fazer um esquema como aprender inglês do cotidiano, observando objetos que fazem parte de um restaurante que sempre a gente acaba esquecendo quando estudamos no colegial. Palavras simples como: talheres – cutlery, guardanapo –napkin ou souviettes, pano de mesa – tablecloth, colherinha – tea spoon e assim vai. O esquema era o seguinte: Todo dia eu aprendia 1 palavra e ficava repetindo ela o dia inteiro até chegar ao outro dia para mudar de palavra. Eu pensei: se eu conseguir fazer o esquema, eu aprenderei 365 palavras em 1 ano. A teoria era boa, mas a prática foi para o brejo. No final das contas, eu devo ter aprendido muitas palavras, mas eu sou um cara que não sigo muito à risca à esquemas pré-feitos. Mas a idéia era boa. Fiz uma nova adaptação ao esquema e de novo pensei: se cada palavra desconhecida eu ler em outdoors, eu iria anotar num bloco e procuraria no dicionário depois o significado. Novamente o sistema falhou! O bloco até hoje deve está em branco e nunca viu a cor verde-esperança da caneta bic. Mas os dias foram se passando na velocidade de uma indesejada diarréia, e eu absorvendo o idioma e a cultura com uma esponja . O verão estava acabando, e a natureza faria o seu papel de mãe. As folhas das árvores começavam perder a força da fotossíntese e ameaçavam a amarelar. Era começo de setembro de 2001. O ano. O mês. E o dia que o mundo jamais esqueceria e não esquecerá por muitos e muitos tempos. 11 de setembro. Um dia triste para a estória da humanidade. O dia em que os terroristas do Taliban atacaram a América. Eu acordei no meu cotidiano. Eu peguei o trem. Fui para o trabalho. O dia começou normal. Iria ter uma grande evento a ser realizado no Lords Cricket Ground. Muita coisa para preparar. Polir pratos, copos e talheres. Organizar mesas e cadeiras. Enfim, deixar tudo pronto para a noite. Quando os terroristas atingiram umas das torres do World Trade Center a notícia em Londres foi imediata. Todos os canais de tv fizeram cobertura total. Os principais prédios da cidade foram evacuados em tempo recorde. Os ingleses deduziram que os ataques terroristas não ficariam apenas na américa. Mal saberiam eles, que os ataques à Londres estariam premeditados para 4 anos depois, em 2005, quando os terroristas explodiaram o metrô e ônibus. Nesse dia tenebroso, todos os funcionários de todas as repartições, foram mandados para casa. A confusão na cidade era geral. Enfim, não teve trabalho. Não teve festa. Todos os transportes lotados. Estava um caos. Todo mundo querendo ir para o “ lar doce e protegido lar”. Eu também! Passados dias tudo foi se acalmando mais. Mas situação econômica do país mudou da água para pinga, para não dizer vinho. Tudo piorou. Parecia que uma grande recessão tinha chegado. Ninguém entrava no país facilmente. No trabalho, até a situação voltar ao normal, levou tempo. e para alegrar um pouco a vida de cada um, o natal chegou com suas festividades e eu nunca tinha visto tanto bombardeio de propagandas de natal. Até parece que os ingleses são masoquistas e curtem tortura sonora com as músicas de noel. A ornamentação natalina é um espetáculo a parte. Por todos os lados, iluminados galhos secos brilham nas árvores, prédios reluzentes em multi-cores. Em uma das praças principais de Londres, a " Trafalgar Square" é fincada no chão, uma árvore natural gigante(foto acima) que é enviada todo ano pela Noruega como um presente. Depois do natal, a semana passou rápido já pedindo para virar de ano. "Splash out some champagne, please!!!!!" Na verdade, eu passei o reveillon trabalhando como garçon. Uma amiga paulista(Ps. Perceberam que paulistas estão participando ativamente desse blog?) me chamou para trabalhar com ela. Era uma festa para 1.500 pessoas. 150 mesas. 150 garçons. Com tanta gente na festa, a roupa de garçon(calça preta, camisa branca e a gravata-borboleta virou o famoso o meu famoso "black-tie". Eu fazia de conta que era um convidado também. Na hora da contagem dos segundos, eu e minha amiga bebemos todas e caimos na folia junto com os convidados dançando. Bye bye 2001!!! Happy New Year!! Viva 2002!!!!! O ano só estava começando, prometendo mil e umas ...